segunda-feira, 28 de maio de 2012

Pura Garnacha!!

Há tempos estou para escrever este post. Sabem porque demorei? Porque os vinhos que falarei agora foram a minha melhor surpresa neste ano de 2012 e porque eu estava buscando palavras para poder defini-los.

Algumas semanas atrás recebi um e-mail do Luís Remacha, da vinícola La Calandria, da região de Navarra/ Espanha, me convidando para provar seus vinhos. Como estou sempre em busca de descobertas afinal, é isso que nos leva ao conhecimento, não podia deixar essa oportunidade passar.

O simpático Luís é um apaixonado pelo que faz. Também pudera, seus vinhos são deliciosos, puros e que buscam retratar da melhor maneira possível o terroir que eles têm.

O nome da vinícola é La Calandria, o pássaro conhecido por nós como calhandra. Esse nome é porque o trabalho dos produtores é sair colhendo as uvas garnacha de vinha antiga em vinha antiga, que foram recuperadas, e que estão em via de extinção. Assim sendo, a vinícola produz vinhos naturais e 100% com a uva garnacha (ou grenache).

Depois de receber toda a explicação sobre o processo de elaboração dos vinhos, provei os 4 rótulos que eles desenvolvem. Vamos a eles:


O primeiro foi o Sonrojo 2011. Um vinho que me ganhou de cara... sabe aquele vinho fácil de beber, que você pode abrir a qualquer hora, sem delongas... É esse!! Jovem, brilhante, fresco e muito aromático, esse vinho apresenta uma coloração de enfeitiçar os olhos. A acidez é marcante e as notas de amora se destacam tanto no nariz quanto na boca. Vinho próprio para ser bebido antes das refeições, ou na beira da piscina, ou na praia, ou onde você quiser! Perfeito para nosso clima.

Em seguida provamos o Volandera 2011.


Com coloração violeta claro, esse vinho apresentou aromas fartos de framboesa, alcaçuz, morangos e cerejas. Na boca é leve, fresco, simples, bem feito, ideal para uma tarde ensolarada afinal, ele tem um caráter bastante festivo.

Na sequência, provamos o Cientruenos 2010, que apresentou um vermelho rubi bem vivo e bonito. No nariz aromas frutados e na boca um equilíbrio incrível, com bastante personalidade.


Por fim, provamos o Tierga 2008. Após passar 7 meses em barrica de carvalho, esse vinho vai para a garrafa e é distribuído para nos enfeitiçar. De coloração violeta escuro, esse vinho apresenta aromas de frutas e um leve toque de madeira, totalmente integrado ao vinho. Na boca mostrou-se fino, elegante, com boa estrutura e equilíbrio.


A paixão do Luís vem justamente pela condição da produção desses vinhos. É impossível não se apaixonar também. Veja só: As vinhas velhas produzem pouquíssimo e o trabalho desses enólogos é sair buscando essas uvas de galho em galho, como o pássaro citado anteriormente. Além disso, essas vinhas velhas são tratadas de modo natural e manual, o que não dá para concorrer com a produção altamente mecanizada das grandes vinícolas de hoje. Mas é justamente esse trabalho árduo, de pessoas apaixonadas por vinhos que nós encontramos dentro de suas garrafas. Como o Luís mesmo disse - "É poesia engarrafada!"

O melhor de tudo: Esse vinho já é comercializado no Brasil. Quem o traz é a importadora Dominio Cassis.

Para encerrar, deixo vocês com as lindas fotos da região onde esses vinhos são elaborados. Não poderia terminar de outra forma... Espero ter conseguido encontrar as palavras para expressar minha surpresa... Se não encontrei, as imagens falam por si só!





terça-feira, 22 de maio de 2012

Don Quijote de La Mancha e os vinhos!

Sempre gostei de vinhos espanhóis, embora não sejam os meus favoritos. Mas essa situação começou a mudar nas últimas semanas. Isso porque, no Encontro de vinhos OFF e na Expovinis conheci os vinhos da região de Navarra, até então desconhecidos por mim. E, na última terça-feira conheci também os vinhos da região de La Mancha, em um evento muito bacana que aconteceu no Hotel Emiliano, aqui em São Paulo...

Por onde começar? Nem sei dizer... Tanta coisa boa... Talvez La Mancha, e isso porque, como professora de Literatura, tenho verdadeira paixão pelo clássico Don Quijote de La Mancha... Aliás, o símbolo da Denominação de Origem de La Mancha é o nosso querido cavaleiro andante e seu "cavalo" Rocinante!!


Miguel de Cervantes, em sua obra, descreve bem a região, embora não fosse essa sua intenção. Porém, mesmo sem nunca termos colocado os pés ali, é possível visualizar e sentir cada lugarejo. Durante a leitura percebemos que Dom Quixote vê chuva durante um único momento, e é uma chuva bem levinha, uma garoa praticamente. No mais, ele caminha sempre sob um sol escaldante... E é assim mesmo que essa região, ainda pouco conhecida por nós, brasileiros, produz seus vinhos. Com um temperatura que pode chegar a 40 graus durante o verão, e com chuvas escassas, as vinhas são espaçadas para permitir que cada planta possua sua própria parcela de água, que costuma cair bem aos poucos. Além disso, num clima tão inóspito, as pragas não resistem e, portanto, as uvas crescem sem sofrerem de doenças.

A experiência de provar os vinhos dessa região foi realmente gratificante. Confesso que me surpreendi com a boa qualidade dos vinhos aliás, eu poderia destacar vários produtores aqui. Mas, para não me estender demasiadamente, hoje falarei de um dos produtores que mais gostei: A Bodega Verduguez.

Foto: Divulgação

Um dos meus favoritos foi o Hidalgo Castilla, elaborado 100% com uma das castas típicas da região, a Tempranillo. Esse vinho, que passou 12 meses em barrica de carvalho e mais 2 anos na garrafa antes de ser posto para a comercialização, mostrou notas de frutas bastante maduras, especiarias como cravo, canela e noz moscada, flores bem delicadas e um tostadinho. Na boca era extremamente equilibrado, com bom corpo e excelente acidez. As notas de frutas maduras se comprovaram na boca e os taninos mostraram-se bastante elegantes. 

Com um seleção de vinhos bem interessantes, esse produtor me ganhou não só pela qualidade do vinho,  mas também pela surpresa de ter entre seu rótulos um Tempranillo Dulce, o Nebbia.


Elaborado a partir da colheita tardia da Tempranillo, esse vinho mostrou, além de aromas como damasco e frutas secas, um excelente equilíbrio entre acidez e doçura, tornando-o memorável. Queria tanto degusta-lo com um chocolate... Mas para isso, algum importador brasileiro precisa trazer esse vinho para nossas terras, ou então, realizar uma deliciosa andança por La Mancha, a terra do nosso sempre querido Dom Quixote...

Ah, memória, inimiga mortal do meu repouso...
                                                                        

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Vinho na bolsa?

Há mais de um ano publiquei uma matéria aqui no blog que deu o que falar. Era sobre a linda Bag in Bag, vencedora de prêmios de design (não leu, clique aqui).


Recebi e-mails de pessoas super interessadas em adquirir o produto. Na época ainda não existia uma previsão de chegada aqui no Brasil.

Na última Expovinis, caminhando por entre os stands, adivinhem quem eu encontrei?? Sim, a Bag in Bag que ficou famosa por aqui. 


Tive a oportunidade de conversar com os idealizadores do projeto que me disseram estar aqui no Brasil, na busca de um importador para, a partir daí, comercializarem esse produto que já é sucesso lá fora. Durante a conversa, me apresentaram outras opções de "bolsas". Vejam só os modelos:




Infelizmente não posso afirmar sobre a qualidade do vinho, já que não tinha nenhuma aberta para a degustação, mas posso garantir que elas são lindas. 

Caso alguém tenha interesse em importar essas belezinhas para o Brasil, me mande um e-mail, que fornecerei as informações do produtor!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Vinho e guerra!

Muitos falam sobre harmonizar vinho e comida, porém, acredito que existe outro tipo de harmonização que possa acontecer. Você já experimentou degustar uma boa taça de vinho com um livro? Às vezes faço isso para ter um momento só meu, onde abro a garrafa, aprecio seus aromas, vou até a cabeceira para pegar o livro e escolho um lugar tranqüilo onde possa degustar os dois.

Uma dica de leitura para os fãs de vinhos e História é o livro “Vinho & Guerra” de Don e Petie Kladstrup, da editora Zahar.



Através de relatos colhidos com entrevistas de sobreviventes e familiares, o livro narra de maneira empolgante os casos de várias famílias francesas (tradicionais ou pequenos vinicultores), donos de restaurantes em Paris, comerciantes de Bordeaux, soldados e até mesmo alguns alemães, que eram contra o regime nazista, entre outras pessoas, que se envolveram para resgatar esse símbolo da França: o vinho.  

De esconderijos incríveis a sabotagens em comboios nazistas, da ganância, crimes e pilhagens cometidos pelo marechal-de-campo nazista Hermann Göring (braço direito de Hitler) nas regiões de Borgonha e Champagne, passando por histórias de famílias como os Hugel da Alsácia (comentado no último post. Não leu, clique aquique mudaram de nacionalidade por quatro vezes devido às guerras entre França e Alemanha, o livro é um tributo a todos os homens, mulheres e crianças que com seus os atos heróicos salvaram esse tesouro nacional da França.

Boa leitura e ótima degustação!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Eu amo meu vinho!

Etienne Hugel na World Wine Experience
E tem que amar mesmo afinal, esses vinhos são incríveis!

Tive a oportunidade de conhecer o produtor Etienne Hugel, da Hugel & Fils, no evento da World Wine já comentado aqui.

Além de muito simpático, Etienne declarou amor aos seus vinhos enquanto eu o fotografava. Também pudera, uma história que remonta a séculos passados e vinhos com tanta qualidade só poderiam mesmo ser apaixonantes...

Para quem não conhece, a região da Alsácia mudou de mão por diversas vezes no decorrer da História. Para se ter uma ideia, em 1600 ela passou das mãos do Sacro Império Romano Germânico para a França. Por volta de 1870 voltou para o domínio alemão. Na Primeira Guerra Mundial os franceses a tomaram de volta. Durante a Segunda Guerra, os alemães a anexaram  porém, com o final dos conflitos, ela voltou para a França. Ufa...

A família Hugel foi uma dessas famílias que superaram e triunfaram, independente do país a qual pertenciam, para nos deliciar com seus vinhos incríveis. A elaboração desses vinhos mostram que eles amam mesmo o que fazem , pois o fazem com muito cuidado; veja só: 

As propriedades da família Hugel estão, exclusivamente, em Riquewihr, sendo metade deles de vinhedos Grand Cru. As vinhas plantadas - 40% Gewürztraminer, 40% Riesling, 15% Pinot Gris, 5% Pinot Noir - possuem, em média, 30 anos de idade, com algumas superando os 70 anos. Além disso, a Hugel não usa fertilizantes e mantém um rendimento baixo. A colheita é toda feita à mão e as prensas só usam a força da gravidade. Depois do primeiro esmagamento, apenas a primeira porção do líquido é usada para os vinhos. Assim, a produção anual é, em média, de 110 mil caixas. Todos os vinhos envelhecem em garrafa (não em madeira) antes de irem para o mercado, seja por alguns meses, ou, em alguns casos, por até seis anos. Seus principais vinhos, o Jubilée, o Vendage Tardive e o Sélection de Grains Nobles só são produzidos em anos excepcionais com uvas de vinhedos Grand Cru pertencentes à família.

No evento da World Wine tive a oportunidade de degustar alguns rótulos. Vamos a eles:



Começamos com o Gentil 2010, que é elaborado com a assemblage de Gewürztraminer, Pinot Gris (Tokay) Sylvaner e Muscat. Vinho bastante aromático, com toques de flores, especiarias, um pouco de frutas brancas. Na boca mostrou equilíbrio e média persistência.

Em seguida fomos para o Riesling Jubilée 2005, que mostrou coloração amarelo palha com reflexos levemente dourados, aromas de flores, frutas e incríveis notas minerais. Na boca uma acidez elevadíssima e um final bastante persistente. 

O Pinot Noir 2009 mostrou leveza, frescor, acidez e riqueza nas notas aromáticas, com bastante flores e frutas vermelhas. 

Gewürztraminer Jubilée 2007 mostrou riqueza aromática, com bastante floral, frutas como lichia e  maracujá, assim como um toque de especiaria (uma pimenta branca, talvez?)

Eu já estava contente e feliz, quando de repente Etienne decide abrir a garrafa do Gewürztraminer Vendange Tardive 2001.


Esse vinho realmente superou as minhas expectativas. Mostrou-se riquíssimo em aromas de flores e frutas, assim como de especiarias, principalmente canela e gengibre. Um final prolongado e agradável... um vinho para beber de joelhos, meditando, sonhando, ... É Etienne, não é só você que é apaixonado por seus vinhos, não...

quarta-feira, 9 de maio de 2012

As surpresas na Expovinis 2012

A Expovinis, o maior evento de vinhos da América Latina aconteceu na última semana de Abril aqui em São Paulo.

O melhor dessa feira é a variedade de coisas boas que podemos degustar. São vinhos de inúmeras regiões, feitos e pensados dos modos mais diferentes possíveis. O único problema disso tudo? Três dias é muito pouco. Tanta coisa por aprender, por apreciar...

Tênis no pé e uma ideia na cabeça: Conhecer o máximo possível... Conversei muito, degustei muito e posso afirmar que o stand da França foi o melhor no quesito "aprendizagem". Além de vinhos de diversas regiões (a grande maioria sem importador no Brasil, infelizmente), eles tinham uma área de palestras bem bacana... Eram palestras sobre Bordeaux, sobre a Provence, sobre o Beaujolais, dentre outras... Ao longo das palestras, vinhos da região debatida eram servidos e os próprios produtores conduziam a degustação, explicando os processos e os objetivos. Eu aprendi um monte de coisas novas. E vocês sabem que eu adoro isso...

Olivier Marquart apresentando seu Carte Noire 2010

No quesito "novidade", fico com o stand de Navarra, uma região na Espanha. Com expositores muito simpáticos, fotos incríveis dos vinhedos e vinhos com qualidade de surpreender, eu me entreguei a essa região e por isso farei, em breve, um post só sobre eles!

E para deixar você com água na boca, segue a foto da vinícola La Calandria - Pura Garnacha, em Navarra...

Foto: divulgação

É para se apaixonar ou não?

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Encontro de vinhos Off é sucesso!

Daniel Perches e Beto Duarte
O blogueiro Daniel Perches (do blog Vinhos de Corte) e o jornalista e também blogueiro Beto Duarte (do blog Papo de Vinho) são os organizadores de uma das feiras mais bacanas que tive a oportunidade de visitar nos últimos tempos: O Encontro de vinhos!

Por que esse evento é tão legal? Porque eles conseguem reunir em um ambiente charmoso e descontraído, diversos produtores e importadoras de vinhos, com centenas de vinhos deliciosos, com música ao vivo e uma porção de visitantes que encaram o vinho com descontração.

Tive a grata oportunidade de participar da votação do TOP 5, que é a eleição dos melhores vinhos da feira... E olha que foi difícil, viu? Tinha tanta coisa boa... Era taça que não acabava mais...


Para você ter uma ideia, tinha champagnes, vinhos da Áustria (que terá um post só para eles afinal, os vinhos eram para beber de joelhos!) vinhos da região de Navarra - que também eram incríveis - e mais um monte de coisas que depois narrarei com riqueza de detalhes.

Como eu disse, os vinhos eram tão bons, que o TOP 5 deveria se chamar TOP 7, pois dois vinhos empataram no segundo lugar e quatro vinho empataram no quarto lugar... Vamos a eles:


O próximo Encontro de Vinhos acontecerá em 30 de junho, em Campinas. Em breve postarei o local e o preço dos ingressos... Não vai perder, né?

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Você vai tomar uma taça de Borgonha!


Aprender é sempre muito bom, e foi com essa sensação que eu saí do evento Wine Tour Brasil - Descobrindo os vinhos da Borgonha - promovido pela Ubifrance Brasil, que se realizou no hotel Tívoli, em São Paulo, no dia 17 de abril.

A palestra dada sobre a região, sobre o terroir, os climats e a incrível variedade de vinhos produzidas por essa região na França que sabe o que é vinho há mais de 2 mil anos, foi muito boa. Além de explicação clara e didática, o material de apoio fornecido pelos organizadores estava impecável.

Além da apresentação, o professor da École des Vins de Bourgogne conduziu uma degustação de oito vinhos, com base nos quatro níveis de denominação das appellations da Borgonha. Vamos a eles:

Iniciamos com as Appellations Régionales, que são vinhos produzidos em todo o conjunto de vinhedos da Borgonha, ou seja, uma denominação mais genérica. O primeiro foi Bourgogne Blanc Cuvée des Forgets, 2010, da Domaine Patrick Javillier


Com amarelo palha clarinho, apresentou aromas frescos e leves, com toque cítrico. Na boca mostrou média persistência, boa acidez, e um limão ao fundo. Pronto para beber. Aliás, a indicação é a de ser consumido jovem.

Na sequência fomos de Bourgogne Hautes Cotes de Nuits 2010, da Domaine Philippe Gavignet


Com aromas de borracha e de framboesa, na boca apresentou notas de frutas vermelhas bem fresquinha, principalmente cereja e elevada acidez. Um vinho jovem, que deve evoluir bem nos próximos dois anos.

Partimos para as Appellations par Village, que são vinhos produzidos no território dos municípios vinícolas que levam seu nome. Ex: Irancy, Beaune, Mercurey, Pouilly-Fuissé

Começamos com Pouilly-Fuissé 2009, da Domaine Pascal Rollet


Vinhos extremamente aromático, com notas de erva-doce, camomila, um toque mineral e um leve defumado. Na boca muita acidez e equilíbrio, bom corpo, porém extremamente fácil de beber

Em seguida fomos para o Mercurey 2009, da Domaine du Château de Chamirey


Aromas de frutas vermelhas bem intensas. Na boca percebemos que é um vinho jovem demais, com muita adstringência e taninos firmes. Precisa ficar mais um tempinho descansando.

Seguindo com as denominações, partimos para Appellations Premiers Crus, ou seja, vinhos produzidos em pequenas terras delimitadas com precisão, chamadas Climats, no seio de uma pequena cidade. Essa indicação vem sempre no rótulo. Exemplo: Chablis 1er Cru Fourchaume, Nuits-Saint-Georges 1er Cru, Les Cailles…

Fomos de Meursault Premier Cru, Genevrières 2009, da Domaine Latour Giraud


Vinho bastante complexo, tanto no nariz como na boca. Notas de caramelo e tostado se destacavam. Com o passar dos anos esse tostado deve perder sua potência. Na boca muito equilíbrio e elegância.

Chegamos no Gevrey-Chambertin Premier Cru, Cherbaudes 2008, da Domaine des Beaumont


Com uma coloração que já indicava um certo envelhecimento, esse vinho apresentou aromas de cereja e manteiga. Na boca mostrou uma excelente acidez e a certeza de que poderá envelhecer por uns 15 anos.

Por fim chegamos à denominação mais alta dos vinhos da Borgonha: a Appellations Grands Crus, que apresenta vinhos produzidos nas melhores partes das terras dos municípios vinícolas. 

Serviram-nos o Chablis Grand Cru, Valmur, 2009, da Domaine Christian Moreau


Vinho extremamente aromático, principalmente de notas minerais e frutadas. Na boca a presença de pera, maçã e abacaxi foram marcantes.

O último vinho da nossa degustação foi o Corton Grand Cru, Le Rognet et Corton, 2008, da Domaine Michel Mallard & Fils.



Vinho muito complexo nos aromas, com bastante intensidade e harmonia. Na boca mostrou essa austeridade toda, com notas de sangue, couro e ervas, assim como flores secas. 


Que conclusão tirei dessa experiência toda? De que todos nós precisamos tomar uma bela taça de um vinho da Borgonha, seja ele branco ou tinto. E sabe por quê? Porque os vinhos da Borgonha são um mapa de vinhos ricos e de diversidade única. 


Aquela história de que a Borgonha tem um vinho que se encaixa em qualquer ocasião, pode até parecer clichê, mas através da degustação foi possível perceber os diferentes tipos de vinhos existentes, mesmo sendo elaborado com a mesma uva... Tudo isso graças ao climat, ou seja, cada parcela do terreno reflete a característica própria, única e especial dos vinhos de lá.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Minhas experiências na World Wine Experience

Depois de tantos eventos, chegou a hora de sentar e escrever sobre eles. Não sabia por onde iniciar meus registros, mas como sou metódica, optei por narrar os fatos na sequência em que aconteceram. Por isso, hoje começo com o incrível evento organizado pela World Wine, o World Wine Experience, que aconteceu no belíssimo Espaço Fasano. Com organização impecável e serviço de altíssima qualidade, a importadora apresentou, pelo décimo ano, seu portfólio.

Com a presença de inúmeros produtores, foi possível degustar uma vasta quantidade de vinhos. Aliás, eu poderia passar dias e dias falando dos vinhos incríveis que provei, mas, nesse momento, meu destaque vai para os italianos da vinícola Donnafugata, produzidos na Sicília.

Com rótulos lindos e nomes como "Mil e uma noites" e "Sherazade", esses vinhos me conquistaram. Tanto que ao final da feira não resisti, comprei e os trouxe para minha adega. Vamos a eles:

O primeiro foi o Anthìlia 2008...


Elaborados com as uvas autóctones Ansonica e Catarratto, esse vinho apresentou uma coloração amarelo palha bem clarinho e aromas incríveis de amêndoas, um toque cítrico e notas herbáceas. Na boca mostrou muito frescor e boa estrutura, com notas de aspargos, pêra e melão. Acredito que até com peixe defumado ele consiga harmonizar. Uma delícia também para ser bebido na beira da piscina ou observando o mar...

Na sequência fomos para o Lighea 2010...


Esse vinho é elaborado 100% com a uva Zibibbo, mais conhecida por nós como Moscato de Alexandria. Numa versão seca, esse vinho apresentou aromas de flor de laranjeira e um toque cítrico. Na boca mostrou leveza, frescor, uma acidez crispy e notas de aspargos e alecrim.

Em seguida fomos para o La Fuga 2010...


Esse vinho, elaborado 100% com a clássica uva Chardonnay, me surpreendeu pelos aromas marcantes de banana e maçã. Na boca mostrou bastante mineralidade e uma acidez bem interessante. Bom corpo e boa persistência fizeram desse vinho o meu preferido entre os brancos... 

Chegou a vez dos tintos e esses não decepcionaram nem um pouco. O primeiro deles foi o Sherazade 2010.


Elaborado 100% com a Nero d'Avola, esse vinho me encantou: coloração vermelho rubi bem intensa, aromas de frutas vermelhas, frutas negras e violeta. Na boca, as notas de frutas vermelhas se repetiram e apareceu um final picante delicioso. Um vinho que, se bebido com uma temperatura mais fresca, mostrará  ainda mais leveza.

Em seguida fomos ao Sedàra 2010...


Elaborado a partir de um blend, onde a maior parte das uvas é Nero d'Avola, esse vinho já apresentou  uma estrutura aromática mais intensa, como frutas vermelhas e especiarias. Na boca apresentou excelente estrutura, equilíbrio, notas de frutas vermelhas, baunilha, e um pouquinho de amoras.

Chegamos ao Mille e una Notte 2008...


Também elaborado a partir de um blend de Nero d'Avola com outras uvas, esse vinho se mostrou o mais encorpado de todos, isso porque esse vinho fica de 14 a 16 meses em barrica de carvalho francês nova e depois mais 24 meses em garrafa antes de serem comercializados.

No nariz aromas marcantes de frutas vermelhas, negras e tostado. Na boca apresenta, além das frutas, notas de tabaco e taninos que, apesar de jovens, mostram-se já finos e elegantes.

Por fim, e o mais surpreendente de todos, o vinho de sobremesa, o Passito de Pantelleria Ben Ryé 2003...


Elaborado com a Moscato de Alexandria, esse vinho de coloração âmbar apresentou notas aromáticas extremamente complexas... A cada nova agitada na taça novos aromas se desprendiam... Notei damascos, figos secos, pêssego, mel e ervas aromáticas. Na boca um equilíbrio perfeito entre doçura e acidez, o que fez com que o vinho não fosse enjoativo... Gostei tanto e recomendo tanto, que tem uma garrafinha linda desta habitando o frescor da minha adega.

Fiquei imaginando uma sobremesa para harmonizar com essa delícia... Não tiro da minha cabeça que aquelas massinhas italianas fritas, conhecida, na minha família como fritelli ficariam incríveis...

Em breve farei outros posts sobre os vinhos provados nessa feira inesquecível... Para se ter uma ideia, tem até Riesling do produtor Hugel... Imperdível!