segunda-feira, 26 de março de 2012

Desabafo!

Desculpem a ausência, mas como vocês sabem, leitores, antes de apaixonada por vinhos, eu sou professora e o período que antecede as avaliações costuma ser tenso, com muitos afazeres... Fico triste em não conseguir um tempinho para escrever, mas não teve jeito... E olha que os últimos dias teve tanto assunto para ser debatido, não é mesmo...

Essa salvaguarda dos vinhos está deixando todo mundo de cabelo em pé... Já li tanto sobre isso, que estou esgotada dessa história... Tantas opiniões malucas, né? "O roto falando do rasgado"...

Pensei muito se deveria fazer um post sobre esse assunto, mas não tenho vontade de escrever sobre ele... O vinho é algo que me dá prazer e fazer um post sobre essa politicagem de salvaguarda me dá nojo e mal estar... 

Acho que tudo que devia ser dito já foi... Outros grandes blogs já escreveram sobre o assunto... Eu ando um pouco cansada dessa nossa política de dinheiro... Tudo é grana!

Vinhos me dão prazer, e é sobre eles que continuarei falando... Muitos podem achar que sou conformista e acomodada, mas posso garantir que não... Tenho participado de todos os debates sobre a polêmica, tenho escutado os dois lados da história... Sou comunista por convicção, tenho uma formação sindicalizada, sou envolvida politicamente com meu país. Só optei por não utilizar meu blog (que só me traz prazer) para falar de um assunto que já me desgastou demais... 

Lá no facebook eu tenho exposto minha opinião, mas aqui não, ok?

Amanhã tem post sobre um Riesling, da região do Mosel, Alemanha!!!! Delicioso!!

terça-feira, 13 de março de 2012

Champagne e crepe!

Sábado decidi preparar crepe! Minha primeira dificuldade foi decidir por uma receita. Tem massa que leva leite, outra que leva cerveja, outra que vai água com gás... Umas levam ovos, outras só farinha... Que difícil!

Mas toda a dificuldade em escolher qual massa preparar, não se repetiu na escolha do vinho, pois eu sabia desde o momento que eu tinha acordado, que eu queria beber Champagne.

O eleito foi Deutz Brut Classic, que eu adquiri na Casa Flora enquanto comprava alguns ingredientes para o Natal.


Eu já havia provado esse champagne no curso de sommelier, durante a confraternização de final de curso! Eu gostei tanto dele que, quando o vi por R$160,00 não resisti...

Com coloração amarelo-palha e reflexos levemente esverdeados, apresentou perlage fino e intenso. Inicialmente os aromas foram de pão (fermento) e flores brancas. Depois apareceram maçã verde, pera, abacaxi bem verde e uma amêndoa tostada. Na boca mostrou uma acidez bem equilibrada, notas de frutas  e um final bem prolongado e elegante. Esse champagne, ao meu ver, se encaixa numa das melhores relações custo/benefício que eu conheço.

O champagne estava delicioso, mas um pensamento me perseguia: "Será que harmonizará com os crepes?"

Preparei quatro recheios diferentes (dois salgados e dois doces). Eu acreditava que com os salgados a harmonização seria boa, mas tive muitas dúvidas se com os crepes doces ela funcionaria também.

O primeiro crepe tinha recheio de bacon refogado com alho e alecrim. Acrescentei algumas lascas de queijo grana padano e o resultado é esse aí da foto!


Ficou uma delícia e combinou super bem com o nosso champagne.

O segundo crepe tinha recheio de queijo provolone e peito de peru picadinhos.


Apesar de gostoso, esse recheio não combinou com o champagne, justamente porque o sabor de defumado do queijo provolone e do peito de peru se sobrepuseram a delicadeza do nosso vinho!

Nos crepes doces, o champagne se saiu bem apenas com o que foi recheado de compota de morangos e framboesas, que eu mesma preparei...


Já com o recheio de crème de marrons (purê de castanhas com açúcar e baunilha) não funcionou, não.


Aliás, não combinou em nada! O crepe em si, estava delicioso, mas com o champagne ficou horrível! Não consegui identificar o porquê. Penso que o fundo de baunilha desequilibrou os sabores. Ficou uma coisa meio amarga, bem esquisita!

No geral, valeu a experiência! Meus próximos crepes serão de gorgonzola com damascos, e brie com aspargos... Estou pensando nos vinhos... Alguma sugestão?

sexta-feira, 9 de março de 2012

Harmonizando no boteco! - parte final

Confesso que não aguentava mais comer, mas dizer "não" diante de um prato com picanha grelhada e suculenta, coberta com molho de wasabi, seria um tanto desafiador... Como eu não gosto de desafios, comi vários pedaços...


Nessa altura do jantar, ninguém mais estava pensando em harmonização. Só queríamos continuar com a boa conversa e se refrescar. Para isso, recorremos a mais um vinho branco. Dessa vez, o escolhido foi o chileno Luis Felipe Edwards 2010, elaborado 100% com a casta Sauvignon Blanc.


Com amarelo palha bem clarinho, apresentou aromas cítricos. Na boca mostrou bastante fruta e frescor, com uma acidez crocante. Um vinho que me surpreendeu!

Para encerrar a noite, a sobremesa não poderia ser menos deliciosa do que todo o restante que já havíamos  comido. O doce, preparado pela nossa amiga e chef Talitha (do blog Groselhas Ateliê de Doces) era um bolo gelado de doce de leite. O melhor é que não se tratava de algo enjoativo, pelo contrário, tinha uma massa leve e um recheio geladinho, com cobertura de castanha picadinhas...


Para a harmonização, como a imagem nos mostra, fomos de Moscatel de Setúbal 2004, da Bacalhôa. Esse vinho dispensa comentários, não acham? Quem ainda não provou, não perca tempo!

Com coloração âmbar e aromas de flor de laranjeira, chá e passas, esse vinho apresentou um bom corpo e um final de boca longo e persistente. Muita potência que não harmonizou com nosso bolo, mas separadamente, ambos se saíram muito bons!

Responda-me leitor: Pode existir um boteco melhor que o Izakaya Kintarô? Eu ainda não conheço...

quarta-feira, 7 de março de 2012

Harmonizando no boteco! - parte 2

Continuando com a sequência de comidas e vinhos, chegou o momento de desvendar o que é o Tok Po Gi, não é mesmo? Trata-se de um prato coreano bastante simples, mas extremamente picante e aromático. Ele é elaborado a partir de uma massa de arroz e de uma massa de peixe, que juntos, criam um mix de textura e sabor. O Taka, dono do Izakaya Kintaro, tem um blog, o "Cadê o Rango?" e ele disponibilizou a receita. Para aprender mais um pouquinho sobre o prato e ver como se prepara, basta clicar aqui


Como esse prato foi uma surpresa para todos nós, não pensamos em nenhum vinho que pudesse harmonizar com tanto sabor... E mesmo depois de experimentar, tenho muitas dúvidas se um vinho aguentaria uma profusão de sabores tão intensos quanto o Tok Po Gi. Por isso, estou esperando sugestões nos comentários, viu leitores?

Nosso vinho foi o rosé chileno, do Valle del Maipo: O Aquitania 2010, elaborado a partir da Cabernet Sauvignon


Com coloração quase pink e aromas intensos de morangos e framboesas, esse não combinou em nada com o Tok Po Gi. Em contrapartida, sua acidez refrescante e seu corpo leve, com notas de frutas vermelhas, harmonizou super bem com o prato de lulas, camarão, cogumelos shimeji e nirá grelhados com molho de soja e ostra. Aliás, essa foi a melhor harmonização da noite. 


A textura da lula estava no ponto, o camarão suculento e os cogumelos com sabor inigualável... Esse prato foi devorado em poucos minutos!

Em seguida chegou um frango grelhado que tinha um aroma e um sabor muito bons! E olha que eu nem como frango, hein...

A receita é segredo de Estado, por isso só me resta dizer que tinha um gostinho adocicado, acompanhado de uma crocância salgada.


O vinho escolhido foi um Riesling da Alsácia, o Herrenweg 2009, do produtor Barmès Buecher.


Com coloração amarelo palha e aromas de flores brancas e pedra de isqueiro, esse vinho apresentou corpo médio, boa acidez e um toque defumado no final, que combinou bem gostoso com o frango e com a casquinha grelhada dele. Confesso que não esperava uma harmonização boa nessa mistura, mas valeu a aventura.

Eu já estava satisfeita, mas ainda tinha uma picanha com wassabi e um bolo gelado de doce de leite para nos levar ao delírio gastronômico, que você lerá no próximo post, ok? Até lá...

segunda-feira, 5 de março de 2012

Harmonizando no boteco! - parte 1


"Kintarô é um boteco da Liberdade
o melhor boteco da Liberdade
 e talvez o melhor boteco do mundo".
Fabrício Corsaletti

Eu e todos os membros da Confraria Tarja Preta também concordamos que o Izakaya Kintarô - boteco sensacional do nosso querido amigo Taka - é o melhor boteco do mundo. Não foi à toa que realizamos mais um encontro lá, na última quarta-feira.

Para você saber porque o Kintarô é tão sensacional, não deixe de visita-lo. Só estando lá para entender! Leia também os posts já publicados aqui no "Taças e Rolhas" sobre esse legítimo pub japonês. Basta clicar aqui, aqui e aqui... Se depois disso, você ainda tiver dúvidas se deve ou não conhecê-lo, busque ajuda!

Começamos nosso trabalho de comer e beber com as deliciosas porções de berinjela no missô, mariscos temperadinhos e bardana.





Para beber, fomos com um Pinot Grigio da região da Umbria, o Matile 2009, do produtor Cardeto. Na taça um amarelo palha brilhante. No nariz aromas de aspargos e frutas amarelas frescas, além de uma lichia bem marcante. Na boca mostrou frescor, acidez elevada e um gostinho de melão. Já dá para imaginar que na harmonização com os mariscos ele foi perfeito! Encarou a berinjela sem fazer feio, mas sucumbiu à picância do gengibre na bardana!


Em seguida, fomos para um Torrontés de coloração quase transparente. Adoro vinhos assim clarinhos como água, acho bonito! O escolhido foi o Temático Jovem 2009, que com aromas de flores bastante destacadas, surpreendeu na boca com bastante acidez e uma persistência bem legal para um vinho branco.


Mas nas harmonizações ele não resistiu... Se saiu melhor quando bebido sozinho, sem prato para acompanhá-lo.

E então, leitor, o que achou? Se gostou, não perca o próximo post, com comidinhas mais deliciosas ainda... Tem lula, camarão, Tok Po Gi, frango, picanha... Não sabe o que é Tok Po Gi? Então é melhor aparecer por aqui e aprender a receita!

quinta-feira, 1 de março de 2012

Comida boa com preço melhor ainda!!

Sou leitora do blog do Marcelo Katsuki. Adoro as dicas de restaurantes que ele dá. Nessa semana li sobre um bistrô e pâtisserie aberto recentemente na Rua Augusta, o Amorim Chéri

Eu adorei o texto e as fotos que ele postou, por isso, não perdi tempo e fui lá conhecer esse novo espaço. Fui para almoçar afinal, o atendimento deles é até às 20 horas.

O lugar é muito bonitinho e aconchegante. Logo na entrada ficam os balcões de doces; mais ao fundo estão as mesas para quem quiser fazer um lanche rápido ou um almoço executivo, sempre por R$ 25 (entrada + prato principal). Existe também as opções do cardápio, com comidinhas para todos os gostos.

De entrada optei pela salada de folhas com tomate cereja e um molho bem gostosinho de frutas vermelhas, com um palitinho de massa folhada super crocante e delicioso.


No prato principal fui de risotto de linguiça. Confesso que estava esperando algo como um risotto al chianti, mas a surpresa foi realmente boa... Se tratava de um risotto de legumes bem saborosos, acompanhado de linguiça. Foi possível sentir o sabor de cada ingrediente: a firmeza da vagem, a maciez adocicada da abóbora, a leveza da abobrinha e claro, o salgadinho da linguiça... Uma delícia!!


A carta de vinhos é pequena e se resume a uns 20 rótulos de vinhos franceses, na sua maioria, espumantes e tintos. Tem apenas um rótulo de vinho branco e um de sobremesa. Se você preferir levar sua garrafa, o restaurante cobra rolha de R$ 15.

Para a harmonização escolhi um Borgonha 2009, o Domaine Voarick, do produtor Michel Picard. 




Com coloração aguadinha típica de Pinot Noir, esse vinho não surpreendeu: no nariz apresentou aroma de goiaba bem madurinha e um pouco de caramelo. Na boca mostrou uma acidez bem marcada e um leve amargor no final, sem nada mais que chamasse a atenção, ou seja, um vinho simples e bem longe dos Pinot Noir produzidos na Borgonha.

Chegou a hora da sobremesa e eu, que nessa hora costumo me retirar da mesa, não fugi dessa vez...

Eu já sabia, antes de sair de casa, qual seria a sobremesa que eu degustaria... Era a mesma que o Marcelo Katsuki postou em seu blog afinal, eu salivei quando vi a foto. Essa sobremesa é o mil-folhas de frutas vermelhas, com açúcar queimadinho em cima, recheado de creme de baunilha. Ai, ai, ai...


Dá uma olhadinha na altura da sobremesa!!

Imaginei um Late Harvest na harmonização com essa sobremesa!
A massa estava crocante, as frutas bem azedinhas (do jeito que eu gosto) e o creme bem saboroso. Quer saber quanto custou esse doce? R$ 15.

E então, leitor, o que achou? Só posso dizer que vale muito a pena a visita.